O que é, afinal, “soltar”?

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8/11/20254 min read

Soltar: Entre a Ciência e a Alma

Nos últimos tempos, falar em “soltar” virou moda. É fácil encontrar posts no Instagram, vídeos no TikTok e frases motivacionais dizendo: “Solte o que não te serve”, “Deixe ir”, “O que é seu encontrará você”.
Mas quando desligamos a tela e voltamos para a vida real, a pergunta permanece: o que, de fato, significa soltar? E, principalmente: como fazer isso quando estamos agarrados a uma dor, uma crença ou a uma história que já não nos serve mais?

A visão da ciência: o cérebro e o apego

Do ponto de vista científico, “soltar” não é apenas uma metáfora bonita — é um processo biológico e psicológico real. Nosso cérebro é uma máquina de criar conexões: cada lembrança, cada emoção e cada crença formam redes neurais.
Essas redes funcionam como estradas: quanto mais você percorre uma, mais ela se fortalece. É por isso que padrões antigos são tão difíceis de mudar.
Quando estamos apegados a algo — seja um relacionamento, um objeto, uma ideia ou até uma identidade —, essas conexões ficam ativas e prontas para disparar a qualquer gatilho.

Estudos sobre neuroplasticidade mostram que é possível remodelar o cérebro para criar novas rotas. Mas isso exige repetição, consciência e prática. Não se trata de simplesmente “decidir” soltar. É preciso treinar o cérebro a reagir de forma diferente, oferecendo a ele experiências e interpretações novas.

Um exemplo prático: se você sempre reagiu com ansiedade quando alguém se afasta, seu cérebro aprendeu a associar “distância” com “ameaça”. Para mudar isso, é necessário criar novas associações — e isso não acontece de um dia para o outro.

A visão da espiritualidade: confiar no fluxo

No olhar espiritual, “soltar” é um ato de confiança profunda. É reconhecer que, por mais que possamos planejar, existe um fluxo de vida muito maior do que o nosso controle.
Aqui, não falamos de passividade, mas de rendição consciente: abrir mão da necessidade de prever cada detalhe, e permitir que a vida se revele.

Diversas tradições espirituais trazem esse ensinamento:

  • No Budismo, fala-se em não-apego como caminho para a libertação do sofrimento.

  • No Taoismo, há o conceito de wu wei, o “agir sem forçar”, fluindo com o curso natural das coisas.

  • No Cristianismo, encontramos passagens sobre “lançar sobre Deus todas as ansiedades” como ato de entrega.

Em todas elas, “soltar” não significa abandonar responsabilidades ou negligenciar a própria vida. Significa reconhecer que controlar o incontrolável é uma das maiores fontes de sofrimento humano.

Por que é tão difícil soltar?

Tanto a ciência quanto a espiritualidade concordam: resistimos a soltar porque isso nos coloca diante do vazio.
E o vazio, para a mente, é assustador. Ele representa a ausência de garantias, de narrativas e, muitas vezes, de identidade.

Muitas vezes, não estamos apenas apegados a algo externo, mas à versão de nós mesmos que existia enquanto aquilo estava presente.
Quando você solta uma crença limitante, por exemplo, não é apenas a ideia que vai embora — é também a persona que você construiu ao redor dela.

Técnicas para aprender a soltar

A seguir, algumas práticas que unem ciência e espiritualidade para tornar o processo mais possível no dia a dia.

1. Respiração Consciente

Base científica: a respiração profunda ativa o sistema nervoso parassimpático, reduzindo a sensação de ameaça.
Prática: inspire por 4 segundos, segure por 4, expire por 6. Repita por 5 a 10 minutos diários. Ao longo do tempo, seu corpo aprende a associar calma à ideia de “soltar”.

2. Reestruturação Cognitiva

Base psicológica: técnica da Terapia Cognitivo-Comportamental que ajuda a questionar crenças.
Pergunte-se:

  • “Isso é um fato ou apenas a minha interpretação?”

  • “Essa narrativa me fortalece ou me enfraquece?”

  • “Se eu soltasse essa ideia, o que de pior aconteceria?”

3. Ritual Simbólico de Liberação

Base espiritual: o subconsciente responde fortemente a símbolos.
Prática: escreva o que deseja soltar num papel. Queime (com segurança) ou enterre. Enquanto faz isso, visualize-se livre daquela energia. É simples, mas poderoso.

4. Exposição Gradual ao Novo

Base neurocientífica: novos caminhos neurais se formam quando vivemos experiências diferentes.
Exemplo: se está preso a um lugar, visite novos ambientes; se apegado a um relacionamento, invista tempo em conhecer pessoas e histórias novas.

5. Meditação de Observação

Base meditativa: aprender a observar pensamentos sem reagir.
Prática: sente-se por 10 minutos, note cada pensamento que surgir e repita mentalmente “isso também vai passar”. Aos poucos, a mente aprende que não precisa agarrar tudo o que aparece.

O momento em que soltar deixa de doer

Soltar dói mais no início, porque o cérebro está desaprendendo velhos hábitos e a alma está aprendendo a confiar.
Mas chega um ponto — e ele chega para todos que persistem — em que soltar se torna natural. Você percebe que não é perda, é transformação. O que se foi abriu espaço para algo novo florescer.

A ciência explica isso pela formação de novas redes neurais. A espiritualidade chama de “abertura para o fluxo”. O nome pouco importa: o alívio é real.

Conclusão

Soltar não é um evento único. É um treino diário, um gesto repetido até se tornar parte de quem você é.
É olhar para dentro, identificar o que não serve mais, agradecer pelo que foi, e permitir que o espaço se abra para o novo.

Talvez, no fundo, soltar seja apenas outra forma de amar: amar tanto a vida a ponto de não querer prendê-la.

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